Nos dias 9 e 10 de junho de 2017, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, através de seu Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS), realizou o II Simpósio Internacional de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial.
E nós estivemos lá para conferir todos os assuntos super interessantes que foram abordados. Bom, quase todos. No primeiro dia de evento, em virtude de outros compromissos não pudemos comparecer, então fomos conferir o segundo dia. E foi ótimo, valeu muito a pena !!
Nesse post, contamos os assuntos que foram expostos e o que de mais interessante foi abordado no segundo dia de evento:
Tema: “Diagnóstico e Tratamento dos Cistos Odontogênicos”
Dr. Rubens Camino Junior, apresentou em sua palestra , casos clínicos de cistos odontogênicos, com as formas disponíveis de diagnóstico e para cada caso o melhor tipo de tratamento. O tratamento, em geral, necessita de reconstrução da área onde houve a apresentação do cisto, onde o palestrante apresenta alternativas com o uso de placas ideais para cada área envolvida. A reconstrução é um momento muito importante do tratamento e a escolha do material mais adequado para a região é fundamental para o sucesso do tratamento como um todo.
Tema: “Diagnóstico e Tratamento dos Tumores Odontogênicos”
Dr. Haroldo Arid Soares iniciou sua palestra apresentando causas de tumores odontogênicos, como por exemplo: falha na formação dos dentes ou erro na odontogênese. Tumores oriundos destas causas, geralmente são raros e de difícil diagnóstico. Os tumores odontogênicos têm a característica de crescimento lento e podem ou não envolver dentes, o que dificulta ainda mais seu diagnóstico. Todos os tratamentos são iminentemente cirúrgicos.
Para a melhor prática diagnóstica de tumores odontogênicos, é necessário aliar a avaliação de exames de imagem com a avaliação do histórico do paciente, realizando uma boa anamnese. Esses dois aspectos combinados certamente resultam no melhor tratamento para o paciente.
Em caso de biópsia, esta deve ser muito bem planejada, escolhendo com cuidado o local e tamanho do fragmento que precisa ser avaliado. Por isso o cirurgião precisa trabalhar em parceria com o médico patologista para a melhor e mais assertiva avaliação.
Os exames de imagem são indispensáveis para o disgnóstico diferencial e mais ainda: para o planejamento cirúrgico. O planejamento cirúrgico antecipado aumenta as possibilidades do sucesso do tratamento.
Tema: “Osteonecrose Induzida por Medicamentos, Tratamento Baseado em Evidências Científicas”
Dra. Maria Cristina Zindel Deboni, iniciou sua fala apresentando as bases teóricas da osteonecrose. A seguir, introduziu a relação de determinados medicamentos à ocorrência da osteonecrose.
Foram apresentadas 5 classificações para os pacientes que podem apresentar risco de osteonecrose segundo Ruggiero et al. 2014 – “American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons Position Paper on Medication-Related Osteonecrosis of the Jaw”—2014 Update. Vale muito a pena a leitura do artigo citado, pois contém informações muito interessantes.
Foi destacada a ação dos bisfosfanatos na inibição da função osteoclástica. Além disso, existem co-fatores que colaboram para a doença como: diabetes, tabagismo e obesidade. Também a presença de Actinomyces sp. pode agravar a situação do paciente. Em estudos realizados pela Dra. Maria Cristina a presença do microrganismo foi detectada.
E a pergunta que se torna importante nesse contexto: por quê nos maxilares ?
A palestrante responde que como a membrana de revestimento dos maxilares é mais fina que as demais, então a Actinomyces sp. se aproveita da situação e oportunamente invade o tecido.
Tema: “Aspectos Atuais do Diagnóstico e Tratamento das Infecções Odontogênicas”
O Dr. Alexander Tadeu Sverzut, iniciou sua apresentação abordando o assunto da microbiologia das infecções odontogênicas. Os espaços faciais podem ser classificados pela periculosidade da região que é infectada, e isso precisa ser muito bem observado.
Discorreu sobre os enxertos ósseos autógenos ( quando é retirado segmento ósseo da própria pessoa ) que geralmente são utilizados da calota craniana ou da crista ilíaca para reconstrução total das maxilas. Desta forma sempre é gerado o debate: a melhor alternativa é a calota craniana ou a crista ilíaca ? Claro que sempre existem argumentos para ambos as opções.
Também abordou a questão da utilização dos biomateriais como substitutivos ósseos em relação ao enxerto. Apresentou alternativas de biomateriais para casos clínicos apresentados. Cada caso deve ser avaliado individualmente para que seja definido qual o melhor tipo de biomaterial a ser utilizado. O ponto destacado dentro dos pontos decisivos para esta escolha é a magnitude do problema. Este fator toma a ponta da lista de verificações que o cirurgião efetua para a escolha do biomaterial.
Tema: “Reabilitação de maxilas atróficas com implantes de ancoragem zigomática”
O Dr. Cassio Edvard Sverzut discorreu sobre os implantes de ancoragem zigomática para reabilitação de maxilas atróficas. Destacou que estes implantes são indicados para casos muito específicos então os cirurgiões precisam avaliar muito bem seu uso.
Isso em decorrência da alta taxa de complicações após utilização destes implantes ( 48,6% ), ponto de alerta neste caso.
O palestrante apresentou um protótipo que pode ser realizado para que a cirurgia possa ser feita antes no protótipo para depois ser realizada no paciente. Todos puderam manusear o protótipo para melhor visualização, o que possibilitou maior realismo ao ato do planejamento cirúrgico.
Destacou ainda que tomografias pré e pós operatórias para acompanhamento de resultados são imprescindíveis ao bom andamento do tratamento e sucesso final de todo o procedimento.
O implante de zigomático pode ser sim uma opção valiosa em alguns casos, porém a avaliação cuidadosa das alternativas disponíveis para cada situação é fundamental.
Tema: “Reconstrução da maxila atrófica: enxerto ósseo autógeno ou biomateriais?”
Dr. Antonio Renato S. Colucci deu continuidade à discussão sobre a utilização dos biomateriais frente ao uso dos enxertos ósseos para reconstrução de maxila atrófica.
O palestrante apresentou argumentos para ambas as alternativas, ou seja, correntes defendem o uso de enxertos autógenos e outras correntes defendem a utilização de biomateriais. O debate é intenso com argumentos válidos para ambos os pólos, certamente. Mas a avaliação de cada caso clínico ainda se mostra a maneira mais eficaz antes da decisão.
Um argumento apresentado a favor da utilização de biomateriais é o fato de os casos de utilização de enxertos ósseos necessitarem de um segundo ato cirúrgico complementar para extração do fragmento ósseo. Isso aumenta a possibilidade de infecções e pode ser encarado até como uma “mutilação” desnecessária.
O palestrante apresentou a alternativa de utilização do chamado Biovidro. O biovidro é composto de micro partículas de vidro com propriedades particulares e eficientes. Além de ser 100% sintético.
Uma novidade sensacional apresentada para utilização dos cirurgiões. O palestrante informou que tem utilizado com sucesso o Biovidro nos casos de procedimentos de enxertia.
Apresentou um comparativo de benefícios do uso do Biovidro versus a utilização de enxertos ósseos autógenos, demonstrando a eficiência do material. O Vidro Bio Ativo ainda apresenta o benefício de estimular a osteo ativação e osteo regeneração. O material não se transforma em tecido ósseo mas estimula a osteogênese nos tecidos com os quais estabelece contato. Muita tecnologia envolvida.
Finalizou sua apresentação apresentando uma grande variedade de biomateriais, e também destacou a avaliação de cada caso isoladamente antes da decisão do material a ser utilizado, considerando a gravidade do caso, o histórico do paciente e o prognóstico do caso.
Tema: “O uso de enxertos livres nas reconstruções complexas faciais”
Dr. Celso Palmieri abriu sua fala destacando o papel do osso ilíaco nas reconstruções faciais. Dentro desse contexto apresentou as vantagens e desvantagens do uso do osso ilíaco e também apresentou suas propriedades de regeneração.
Destacou um fato muito importante: não gera rejeição, o que é uma vantagem muito grande ao paciente.
Porém, gera um segundo ato cirúrgico complementar na área doadora o que é encarado por alguns profissionais da área como aspecto negativo da escolha deste tipo de enxerto.
Após a finalização das palestras, foi realizada uma rodada de discussões sobre os temas apresentados e também esclarecimentos de dúvidas que eventualmente persistiram para algumas pessoas. A discussão foi muito bem mediada e organizada.
A organização do evento absolutamente impecável. Pontualidade, cumprimento da programação, organização, auditório de primeira linha em todos os aspectos, equipe de suporte altamente capacitada e proativa.
Classificação do segundo dia de evento:
Excelente
E nós pudemos conferir tudo isso !!
Neste post, queremos deixar um agradecimento mais do que especial para Heloise Batista e Fernanda, da equipe de organização de eventos do HAOC, pelo atendimento excepcional dispensado a nós desde o início do contato e toda a atenção com que fomos tratadas. Obrigada por colaborar com o Blog Instrumentadoras de Plantão !!