A embalagem é considerada mais segura e garante a conservação dos órgãos até chegar ao transplante
Estudantes do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), com apoio da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), desenvolveram uma embalagem especial para transportar órgãos que estão a caminho do transplante. O projeto faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de um grupo de quatro estudantes de engenharia de produção. “Desde o começo, queríamos um tema que fosse voltado para a medicina e que tivesse alguma contribuição para a sociedade”, explica Daniela Mika Sonohara, uma das responsáveis pelo projeto.
Atualmente no Brasil, a rotina do transporte do órgão envolve protegê-lo em três sacos estéreis cheios de gelo para que ele não sofra nenhum trauma no meio do caminho, e depois posicioná-lo dentro de uma caixa térmica.
Em 2009 foi publicado a resolução RDC 66/09, que padronizou todo esse processo de transporte em território nacional. O texto diz que devem existir, ao todo, quatro embalagens para acondicionar este órgão, sendo uma primária (que tem contato direto com o órgão), duas secundárias e uma terciária (externa). Esta última camada deve conter gelo o suficiente para manter a caixa resfriada.
A embalagem, por sua vez, apresenta uma série de falhas, disseram as responsáveis pelo novo projeto. “A Unifesp trouxe esse problema para a Mauá dizendo que não existe um controle de temperatura, o que poderia resultar no congelamento do órgão”, contou Sonohara. “Além disso, a caixa acaba ficando muito pesada pela quantidade de gelo que precisa colocar para poder manter a temperatura”, completou.
A nova embalagem foi a solução encontrada pelo grupo para as questões de segurança e resfriamento do órgão. Pesando apenas 5,8 quilos e com travas na tampa, a caixa não necessita de gelo para a refrigeração. O sistema de controle de temperatura consiste em uma placa de Peltier. Ele funciona da seguinte forma: um lado esquenta e outro esfria. O lado quente é responsável por levar o calor para fora da embalagem, enquanto o lado frio tem como função resfriar a parte interna.
Além disso, a embalagem é feita com duas camadas de poliestireno (PS) de alto impacto, um termoplástico para evitar choques durante todo o trajeto, e uma camada de poliuretano (PU) capaz de isolar o meio interno do externo. “Isso reduz o peso da caixa, porque a densidade do poliestireno é menor do que o ABS, que é o material usualmente utilizado para a fabricação dessas caixas”, afirmou Sonohara.
Para facilitar a entrada no centro cirúrgico, as estudantes de engenharia de produção criaram uma caixa com duas camadas removíveis. “Isso diminui as chances de haver alguma contaminação”, ressalta Sonohara. Na caixa interna existe uma espécie de berço com uma membrana interna que deve abraçar o órgão para que ele não fique “dançando” dentro da embalagem. Esse berço é regulável para poder transportar um ou mais órgãos, de crianças ou de adultos, seja qual for o seu tamanho. “Isso serve também para diminuir o impacto e a vibração durante todo o trajeto”.
A nova embalagem também conta com um visor que mostra a temperatura durante todo o percurso e, para facilitar o transporte, ela dispõe de rodinhas embutidas com uma alça telescópica que auxiliam na hora de puxá-la. Ou, se a pessoa preferir, também é possível carrega-la na mão, pois existem duas alças laterais destinadas a isso.
O protótipo da embalagem foi impresso em 3D e em tamanho real no FabLab do IMT e o resultado foi apresentado durante o Eureka, no IMT de São Caetano do Sul, nos dias 26 a 28 de outubro.
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Via Portal Galileu
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