Especialidades Cirúrgicas: Cirurgia de Cabeça e Pescoço

O QUE É CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO?

A cirurgia de cabeça e pescoço é uma especialidade cirúrgica que trata principalmente dos tumores benignos e malignos da região da face, fossas nasais, seios paranasais, boca, faringe, laringe, tireoide, glândulas salivares, dos tecidos moles do pescoço, da paratireoide e tumores do couro cabeludo.

A área de trabalho do cirurgião de cabeça e pescoço não abrange os tumores ou doenças do cérebro e outras áreas do sistema nervoso central nem as da coluna cervical.

A especialidade é regulamentada e reconhecida pela associação médica brasileira e possui uma área de atuação (subespecialidade) denominada cirurgia cranio-maxilo-facial, que trata especificamente das doenças do esqueleto cranio-facial.

Dentre os procedimentos diagnósticos realizados pelo cirurgião de cabeça e pescoço destacamos a faringolaringoscopia, realizada para examinar, avaliar e, eventualmente biopsiar, lesões da laringe e faringe.

Dentre as cirurgias mais comumente realizadas pela especialidade podemos citar as tireoidectomias, traqueostomias, cirurgias de glândulas salivares (parótida, submandibular), tumores da boca e da laringe.

A formação do cirurgião de cabeça e pescoço é realizada nos centros formadores e tem duração de dois anos, com pré-requisito de formação em cirurgia geral, conforme a normatização da comissão nacional de residência médica.

1) O que é?

O cirurgião de cabeça e pescoço é o médico responsável pelo diagnóstico, seguimento e tratamento dos pacientes (adultos e pediátricos) portadores de tumores benignos e malignos na região da cabeça e pescoço. Trata-se de uma especialidade médica que requer como pré-requisito a formação em Cirurgia Geral. O tempo de especialização em Cirurgia de Cabeça e Pescoço pode variar de 2 a 3 anos de Residência Médica, a depender do serviço selecionado. Se identifica com o perfil da especialidade o profissional que pretende exercer técnicas cirúrgicas complexas e elaboradas, principalmente em pacientes oncológicos.

2) Como é o dia a dia?

No Brasil, a prevalência de câncer de cabeça e pescoço, principalmente câncer de boca em homens e de tireoide em mulheres, tem aumentado. Fato este que coloca o cirurgião de cabeça e pescoço em importante posição tanto no diagnóstico precoce quanto no tratamento especializado. A diversidade nos diagnósticos e tratamentos da especialidade fazem com que o médico especialista se depare diariamente com casos desafiadores, exigindo assim permanente estudo e atualização.

3) Oportunidades de trabalho:

Devido à crescente prevalência de câncer na sociedade, em particular do câncer de cabeça e pescoço, diversos serviços têm tido interesse na contratação de especialistas. Dentre os principais serviços destacamos: serviços de oncologia público ou privado, clínicas de cirurgia endócrina, hospitais universitários, centro de pesquisas clínicas, além do consultório privado que tem aumento crescente da demanda devido a escassez de especialistas no mercado. O cirurgião de cabeça e pescoço pode atuar tanto no diagnóstico (realizando exames especializados e biópsias), quanto no tratamento cirúrgico curativo ou paliativo.

4) Curiosidade(s):

As inovações tecnológicas fazem com que cada vez mais as cirurgias sejam mais seguras e agreguem menos morbidade. Atualmente já é possível realizar procedimentos cirúrgicos na região da cabeça e pescoço através de cirurgias trans-orais robóticas e com laser de alta precisão, além de cirurgias por videoendoscopia. Dessa forma, os pacientes têm recuperação mais precoce e com menos sequelas.

5) Especialidades correlacionadas:

Diversas especialidades médicas e multidisciplinares estão relacionadas devido à complexidade anatômica da região da cabeça e pescoço. A necessidade de reconstruções cutâneo-faciais complexas com objetivo de restaurar a função e estética facial fazem com que o cirurgião plástico tenha participação importante nessas cirurgias. Além de cirurgias em conjunto com neurocirurgiões para abordagem de tumores da base do crânio. Fonoaudiólogos, fisioterapeutas e nutricionistas são outras especialidades multidisciplinares que possuem fundamental participação na preparação e reabilitação dos pacientes portadores de doenças na região da cabeça e pescoço.

6) Área de atuação:

O especialista, além de atuar na aérea oncológica prioritariamente, pode exercer as atividades profissionais em outras sub-especialidades correlatas tais como: cirurgia crânio-maxilo-facial (atuando em transtornos congênitos orofaciais ou trauma); cirurgia endócrina (tratando distúrbios da glândula tireoide); microcirurgia plástica (realizando reconstruções complexas cérvico-faciais) e cirurgias endoscópicas nasais (abordando principalmente tumores da base do crânio).

Sendo as cirurgias relacionadas à tireoide as mais realizadas, vamos saber mais sobre ela.

1) O que é a tireoide e onde se localiza no corpo humano?

A glândula tireoide é um órgão do sistema endócrino do corpo humano. Ela se localiza na porção central e inferior do pescoço, logo abaixo do “Pomo de Adão”, que é uma cartilagem da laringe. Toda vez que ocorre o movimento de deglutição, ela se movimenta para cima e para baixo junto com a laringe.

2) Para que serve a glândula tireoide?

A tireoide é produtora dos hormônios tireoidianos (T3 e T4), que são responsáveis pelo controle de diversas partes do metabolismo dos órgãos do corpo humano. Sua atividade (produção e liberação dos hormônios) é controlada pela hipófise, através de uma substância chamada TSH (hormônio estimulante da tireoide).

3) Quais as doenças que podem acometer a glândula tireoide?

A tireoide pode sofrer de doenças que acometem sua forma (aumento difuso ou nodular), sua função (hipertiroidismo ou hipotireoidismo), ou ambas.

Os nódulos de tireoide podem ser únicos ou múltiplos, benignos ou malignos, produtores de hormônio ou não. A grande maioria dos nódulos tireoidianos são benignos e não produzem hormônios. Geralmente a presença dos nódulos não interfere na produção global de hormônios pela glândula, mas alguns nódulos podem produzir hormônios em excesso, independente do controle da hipófise. Devido à presença dos nódulos a glândula pode adquirir grandes dimensões, causando sintomas compressivos cervicais (falta de ar ou dificuldade para engolir). Porém, nem todas as tireoides aumentadas têm nódulos, uma vez que a glândula pode estar difusamente aumentada.

4) O que é bócio? Qual a sua freqüência na população?

Bócio é definido como um aumento da glândula tireoide. Este aumento pode ser devido à nódulos, doenças inflamatórias (tireoidites) ou aumento difusos da glândula.

A freqüência de bócio multinodular chega a 30% da população mundial. Em 1990, mais de 650 milhões de pessoas no planeta eram afetadas por bócio, principalmente devido à carência de Iodo em algumas regiões centrais da África e da China. No Brasil, em 1955, 20,7% das crianças em idade escolar apresentavam bócio endêmico. Este número caiu para 14,1% em 1974 devido à medidas de acréscimo de Iodo ao sal de cozinha.

5) As doenças da tireoide afetam a voz?

Raramente. O hipotireoidismo é uma condição clínica que pode levar em alguns casos a rouquidão e alterações no timbre da voz (voz mais grossa).

O câncer de tireoide, principalmente nos estágios iniciais, dificilmente leva a rouquidão. Somente casos avançados costumam levar a alterações na função das cordas vocais.

6) As doenças da tireoide causam dor no pescoço?

A grande maioria das doenças tireoidianas não causam dor, mas algumas condições podem causar. A tireoidite subaguda (chamada de DeQuervain) é uma doença relativamente incomum que pode, em seus estágios iniciais, causar dor cervical na região da tireoide, e a tireoidite aguda (infecção bacteriana da tireoide, doença raríssima) também causa dor. Nódulos que apresentem rápido crescimento (em geral devido a sangramento intra-nodular) podem apresentar dor localizada.

O câncer de tireoide não costuma causar dor, apenas em estádios mais avançados.

A tireoidite de Hashimoto, que é a doença tireoidiana mais comum e causa hipotireoidismo, não causa dor, pois, apesar de ser um processo inflamatório da glândula, é extremamente lento e crônico.

De qualquer forma, as dores oriundas da glândula tireoide costumam ser localizadas na região da glândula, e são muito menos freqüentes do que outras doenças que causam dor no pescoço (como doenças de coluna ou aumento inflamatório de linfonodos cervicais).

A cirurgia para a retirada de toda a glândula tireoide ou parte dela, é denominada tireoidectomia. O tipo de cirurgia, ou seja, tireoidectomia total ou parcial, irá depender de diversos fatores que o médico irá discutir com o paciente.

Para o Instrumentador Cirúrgico que deseja atuar nesta especialidade, apresentamos a composição da caixa básica para os procedimentos relacionados à tireoide:

  • Cabo de bisturi 3
  • Pinça de Adson com dente
  • Pinça de Adson sem dente
  • Pinça anatômica
  • Pinça dente de rato
  • Porta-agulha delicado com wedia
  • Pinça mosquito ( halstead ) curvo
  • Pinça mosquito ( halstead ) reto
  • Baby mixter
  • Tesoura de Metzenbaum curva
  • Tesoura de Metzenbaum reta
  • Tesoura Mayo curva
  • Tesoura Mayo reta
  • Kelly curvo
  • Kelly reto
  • Pinça Allis
  • Afastador de Farabeuff
  • Afastador Langenbeck
  • Afastador Senn Muller

Destacamos que para este tipo de cirurgia os instrumentos devem ser delicados, pois a região anatômica exige este tipo de instrumento.

Nosso objetivo com a seção “Especialidades Cirúrgicas” é reunir as informações básicas de cada especialidade para estudantes e interessados da área de instrumentação cirúrgica que buscam uma orientação para suas carreiras.

Acompanhe nossos posts para saber sobre outras especialidades cirúrgicas nas próximas semanas !!

 Instrumentadoras de Plantão

Fontes:

  1. Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço
  2. Portal PEBMED

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