Entenda o Sistema GRADE – Medicina baseada em evidências

GRADE Working Group

Há alguns dias, postamos um texto sobre as 28 recomendações da OMS na prevenção das infecções de sítio cirúrgico. Não conseguiu ler ? Então aproveita e clica no link poque esse post é super importante para seu trabalho !!

Essas recomendações foram elaboradas com base no Sistema GRADE. Você conhece ?

Neste post, vamos explicar como essa metodologia funciona para a tomada de decisões em saúde, porque é muito importante entendermos como as recomendações são elaboradas e o fundamento para dado para elas.

A Saúde Baseada em Evidências vem sendo utilizada há mais de 25 anos, e inúmeros sistemas apresentam-se como alternativas para classificar a informação. Dentre elas, merecem destaques o sistema Oxford Centre for Evidence-based Medicine (CEBM) e o sistema desenvolvido pelo Scotsh Intercollegiate Guidelines Network (SIGN).

O GRADE (Grading of Recommendatons Assessment, Development and Evaluaton) é um sistema desenvolvido por um grupo colaborativo de pesquisadores que visa à criação de um sistema universal, transparente e sensível para graduar a qualidade das evidências e a força das recomendações. Atualmente mais de 80 instituições internacionais utilizam o GRADE, entre elas a Organização Mundial da Saúde (OMS), o National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE), a SIGN, o Centers for Disease Controland Preventon (CDC) e a colaboração Cochrane.

  1. Níveis de Evidência:

Nível de evidência representa a confiança na informação utilizada em apoio a uma determinada recomendação. No sistema GRADE, a avaliação da qualidade da evidência é realizada para cada desfecho analisado para uma dada tecnologia, utilizando o conjunto disponível de evidência. No GRADE, a qualidade da evidência é classificada em quatro níveis: alto, moderado, baixo, muito baixo. Esses níveis representam a confiança que possuímos na estimativa dos efeitos apresentados.

2. Força da Recomendação:

A força da recomendação expressa a ênfase para que seja adotada ou rejeitada uma determinada conduta, considerando potenciais vantagens e desvantagens. São consideradas vantagens os efeitos benéficos na melhoria na qualidade de vida, aumento da sobrevida e redução dos custos. São consideradas desvantagens os riscos de efeitos adversos, a carga psicológica para o paciente e seus familiares e os custos para a sociedade. O balanço na relação entre vantagens e desvantagens determina a força da recomendação.

A força da recomendação (forte ou fraca) pode ser a favor ou contra a conduta proposta. Geralmente, esse processo é realizado no desenvolvimento de diretrizes clínicas e pareceres técnicos, podendo ser específicas para o cenário avaliado (por exemplo, condicionadas à disponibilidade de recursos).

3. Formulação da questão clínica:

O sistema GRADE necessita de uma clara definição de população, intervenção, comparação e desfechos (PICO), assim como o cenário no qual a recomendação será implementada.

4. Avaliação da qualidade da evidência:

O nível de evidência representa a qualidade da evidência científica disponível e define a confiança na informação utilizada, o que possibilita a definição de uma determinada recomendação. No sistema GRADE, a qualidade da evidência é classificada em quatro níveis: alto, moderado, baixo, muito baixo.

5. Síntese da Evidência:

O julgamento sobre os domínios apresentados no sistema GRADE, apesar de serem baseados em critérios definidos, são sujeitos a uma avaliação qualitativa do pesquisador e conduz em uma diferença entre os avaliadores. Assim, é necessário que ao longo do processo, o avaliador realize a graduação da evidência de forma transparente, e apresente os motivos que o fizeram atribuir determinado nível de evidência.

Os perfis de evidências são tabelas que incluem o processo detalhado sobre o julgamento da avaliação da evidência, apresentando uma coluna para cada um dos domínios avaliados no processo, além de comentários adicionais. Permite mais fácil visualização do processo de avaliação, sendo utilizado principalmente em diretrizes clínicas.

Apesar de apresentarem diferentes formatos, a informação contida no mesmo é semelhante, incluindo os sete elementos seguintes:

1. Lista dos desfechos;

2. Estimativa relativa de efeito;

3. Estimativa absoluta de risco basal;

4. Estimativa absoluta de risco no grupo submetido à intervenção (ou diferença de risco em relação ao grupo controle);

5. Estudos incluídos;

6. Nível de evidência;

7. Comentários.

O GRADE consiste em um sistema abrangente e transparente para a avaliação da evidência e para a formulação de recomendações, consistindo em uma ferramenta útil na elaboração de diretrizes em saúde, auxiliando o processo de tomada de decisão. Como limitante, o sistema é complexo, necessitando treinamento prévio dos avaliadores, assim como um conhecimento robusto em epidemiologia clínica. Devido a isso, algumas instituições, como a Organização Mundial da Saúde, solicitam que no grupo de trabalho de suas diretrizes sejam incluídos metodologistas com treinamento nesse sistema, aptos a auxiliarem no processo de avaliação de evidências e formulação e recomendações.

Ou seja, o Sistema é muito bem estruturado e formulado e exige formação e treinamento técnicos para sua aplicação correta e completa.

Quer saber mais sobre o Sistema GRADE ? Então acesse o “Sistema GRADE – manual de graduação da qualidade da evidência e força de recomendação para tomada de decisão em saúde” do Ministério da Saúde e veja mais detalhes sobre o assunto.

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Fontes Bibliográficas:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Diretrizes metodológicas : Sistema GRADE – Manual de graduação da qualidade da evidência e força de recomendação para tomada de decisão em saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Ciência e Tecnologia. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014.
  2. GRADE working group: disponível em http://www.gradeworkinggroup.org/

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