Crianças no ambiente hospitalar: Brincar ajuda na recuperação física e mental

Fonte: Hospital dos Pequeninos – AJEMed Madeira

Crianças no ambiente hospitalar: Brincar ajuda na recuperação física e mental

Sabemos como pode ser difícil o ambiente hospitalar para os pequenos. Trocar sua rotina de brincadeiras pela rotina de tratamentos, mesmo que por algumas horas, pode ser desgastante tanto para as crianças quanto para os pais e acompanhantes. Nos casos cirúrgicos então a situação se torna mais delicada ainda !!! Mas é possível minimizar tudo isso com ações direcionadas às crianças. As ações simples ou mesmo os grandes projetos podem fazer com que a estadia no hospital seja mais confortável.

Vejam neste post, as informações mais importantes sobre o tema !!

Porém antes dessa leitura vamos lançar a pergunta: será que nós,  instrumentadores cirúrgicos podemos colaborar de alguma forma ?? Reflita sobre o assunto enquanto aproveita a leitura !!!!

**********************

Embora com apenas 10 anos de idade, sobram experiências e rotinas hospitalares para o jovem Gustavo Felix. Na sala de espera para dar início ao 3º procedimento cirúrgico para corrigir uma mal formação nos pés – após anos de idas e vindas entre Sobral, onde reside, e o Hospital Infantil Albert Sabin ( HIAS ), onde é acompanhado – a expectativa da mãe, a dona de casa Joelma Mendes, 29, é que ele passe por isso pela última vez.

Para ela, ver o filho tão novo envolto nesse ambiente lhe causa dor e apreensão, mas afirma que o grande alento vem com a política de humanização do hospital. Enquanto esperam o chamado da equipe, Gustavo e outras crianças prestes a ser operadas, brincam e interagem em um ambiente lúdico, com brinquedos, jogos e o acompanhamento da enfermeira da unidade. O espaço, denominado “cirurgia segura”, e projetado para amenizar a tensão e o sofrimento das crianças, é apenas uma das iniciativas com essa proposta no hospital.

“Ele começou a ser tratado aqui com 1 ano de idade e até hoje tem o mesmo médico. O atendimento recebido por nós é ótimo. Todos dão muita atenção e procuram deixar ele sempre calmo, conversam, explicam pelo o que ele vai passar”, comenta Joelma.

Atualmente, o HIAS mantém todos os leitos de internação ocupados, o que significa 336 crianças longe da liberdade natural da infância, em troca, muitas vezes, de agulhas, soros, tubos, e uma rotina de exames e medicamentos. A unidade realiza, ainda, cerca de 900 procedimentos cirúrgicos por mês e mais de 900 consultas por dia. Com essa demanda, se faz ainda mais urgente a necessidade de projetos de humanização, segundo destaca a médica Marfisa de Melo Portela, diretora do Albert Sabin. “A gente começa pelo acolhimento, faz treinamento de nossos funcionários para atenderem bem o paciente, acolher da forma correta. Trabalhamos com o binômio mãe e filho, já começamos a trabalhar essa parte do acolhimento quando a criança chega e dentro do hospital nós desenvolvemos vários projetos”.

Entre eles, segundo aponta, está o Cidade Criança, espaço projetado como uma mini-cidade, onde as crianças internadas têm acesso – em casas diferentes – a brinquedoteca, teatro de fantoches, biblioteca e salão de beleza. Todos os dias o local recebe pacientes que estão internados na unidade, mas que são liberados pelos médicos para brincar e, assim, reduzir o grau de vulnerabilidade causado por suas condições.

A médica cita, ainda, o projeto cirurgia sem medo, em que as crianças são encaminhadas para o centro cirúrgico de velocípedes, o cineminha, quando pacientes internados têm acesso a sessões de filmes infantis, e o ABC mais saúde, por meio do qual uma equipe de pedagogos faz um trabalho de orientação para as crianças que, por conta da internação, acabam ficando muito tempo ausentes da escola.

O sofrimento causado pelos processos dolorosos e invasivos também é minimizado através da música pelo menos uma vez por semana. Como uma espécie de “palhaçoterapia”, a equipe da residência multiprofissional do HIAS, composta por terapeutas ocupacionais, enfermeiros, assistentes sociais, fisioterapeutas, psicólogos e demais profissionais, percorrem os corredores da unidade – da emergência até as alas mais delicadas – cantando e interagindo com os pequenos, garantia de muitos sorrisos arrancados, tanto das crianças como de mães e pais.

***********************************************

A brincadeira corresponde a uma atividade fundamental para a saúde física, emocional e intelectual na vida de qualquer ser humano. Percebe-se que atualmente a importância do brincar tem-se tornado uma realidade inquestionável, inclusive em hospitais.

É perceptível que quando uma criança está hospitalizada há uma interrupção abrupta na rotina na qual ele (a) está acostumado (a) conviver. O menor será inserido em um ambiente completamente estranho ao qual está acostumado, passará a se relacionar com pessoas estranhas, terá o seu corpo mais exposto, terá que se adaptar a aplicações de medicamentos em constantes horários, dor, irritação, etc.

Segundo Godoi (2008, p. 40): A hotelaria hospitalar é um desses aspectos, que ao ser inserido no ambiente com profissionais de outras áreas tende a mudar o clima então prevalecente, possibilitando a mudança do clima pesado e do ambiente frio com o tradicional cheiro do hospital, para ambientes claros iluminados naturalmente uma imagem saudável do espaço e infundido confiança e tranquilidade nos clientes, acompanhantes e visitantes.

Com a constante procura pela humanização, percebe-se que cada vez mais hospitais, clínicas e outros ambientes envolvendo a área da saúde procuram através da hotelaria humanizar seus serviços a fim de oferecer mais conforto aos seus pacientes no período da internação.

Em relação a essa ideia, Godoi (2008, p. 76) mostra que: Visitar algumas pediatrias em hospitais é uma tarefa dolorosa e difícil, muitas crianças sequer entendem plenamente o seu sofrimento e por que precisa ficar hospitalizada. E ela não deixa de ser criança durante a internação e tratamento. Salvo os poucos momentos de descontração de uma visita, muito pouco ou nada é permitido a quem sofre silenciosamente sem saber muito como expressar a dor e seus sentimentos. Brinquedotecas ou salas de recreação podem não trazer a saúde da criança de volta ou ainda diminuir o tempo de internação, mas poderá devolver em alguns momentos a felicidade de ser uma criança novamente.

Alves (2004 apud Elias 2013, p. 07) ressalta que “as pessoas que procuram os serviços de um hospital normalmente encontram-se debilitadas, fragilizadas e assustadas, física e emocionalmente. Nesse estado esperam ser bem tratadas e compreendidas por profissionais preparados e qualificados”. Dessa forma, para que um processo de humanização ocorra, deve-se prestar um atendimento hospitalar humanizado em todas as suas instancias, programas e projetos comprometidos com a humanização.

O brincar pode ter um efeito terapêutico auxiliando na superação de dificuldades e conflitos emocionais, intelectuais e sociais da criança. Ao associar esse momento a uma situação especial, como é a da internação hospitalar, a criança terá um tempo para que possa preencher com suas fantasias, experimentar seus limites de tolerância, encontrar e desenvolver estratégias de enfrentamento ao sofrimento, à dor e à doença. O processo de internação provoca sérias alterações na relação com a família, amigos, escola, impondo-lhe um ambiente desconhecido, formado por regras e limites sem ludicidade. O brincar fornece uma fundamental importância à saúde, de modo a minimizar as consequências da hospitalização.

O brincar exerce um papel fundamental na saúde, de forma a minimizar as consequências da hospitalização no desenvolvimento das potencialidades da criança. Ao tratar de uma criança, deve-se levar em consideração “não só os seus aspectos clínicos e patológicos de doença e a limitação, mas abordar a importância de se considerar o lado saudável e resgatar a sua potencialidade, normalmente latente durante o processo de doença e internação” (Kudo e Pierre, 1990, p. 195). A criança, longe do contexto de sua casa e de seus familiares, assusta-se com o novo ambiente, principalmente quando se trata de internação pela primeira vez.

A brincadeira torna-se, então, um recurso da criança para o desenvolvimento do seu eu, pois é na busca de compreender o mundo, assimilando o real a si mesmo, que encontra equilíbrio afetivo e intelectual, na tentativa de adaptar-se ao ambiente desconhecido e ao mundo dos adultos. Dessa forma, o brincar é uma re-elaboração do mundo real desenvolvida pela criança na tentativa de satisfazer suas necessidades, contribuindo assim, para o seu desenvolvimento em termos globais.

Percebe-se que os hospitais, normalmente não estão preparados para o atendimento de crianças, pois quando ela é hospitalizada sua vida muda completamente. Ela deixa sua casa, seus amigos, seus brinquedos e encontram um ambiente desconhecido, com parede sem cor, aparelhos estranhos, pessoas desconhecidas e uniformizadas que lhe oferece remédios amargos, injeções, máscaras de oxigênio, sondas, exames complicados, além do choro de outras crianças, etc. Tudo isso provoca medo, sofrimento, ansiedade e desconforto.

Como se trata de um ambiente de fácil contaminação, os brinquedistas (profissionais habilitados para exercer essa função) devem utilizar um jaleco específico e limpo, cabelos presos e unhas curtas evitando a transmissão de doenças e o acúmulo de sujeira. Torna-se necessário a constante higienização das mãos antes e depois do trabalho a fim de evitar a contaminação das crianças e do próprio brinquedista.

Apesar de o hospital ser um espaço de busca da cura, reconhece-se que não é um ambiente propício ao desenvolvimento infantil. De acordo com Rossit e Kovacs (1998, p. 59) “durante a hospitalização infantil algumas necessidades da criança não são satisfeitas, pois comumente não há atividades e atenção apropriadas à sua faixa etária, podendo torna-se uma vivência traumática”.

Durante a realização de pesquisa em instituição hospitalar, observou-se que a mesma encontrava-se com uma porcentagem relativamente baixa de crianças internadas em virtude de ser o início da semana, situação esta que muda nos finais de semana, no qual a ala pediátrica recebe uma quantidade relativamente maior de pacientes.

As brinquedotecas nos hospitais do Brasil atualmente estão se tornando uma realidade. A lei Nº 11.104 tornou obrigatória a instalação de brinquedotecas nos hospitais brasileiros. Esta lei surgiu a partir dos movimentos de humanização nos hospitais e simboliza que a inclusão do brinquedo neste ambiente, tem sido concebida como parte da assistência e da terapêutica às crianças e aos adolescentes hospitalizados. Neste processo, está ocorrendo o reconhecimento das necessidades infanto-juvenis e do papel da brincadeira para promoção do bem estar físico e social no ambiente hospitalar.

Godoi (2008, p.136) destaca que: “brinquedotecas ou salas de recreação podem não trazer a saúde da criança de volta ou diminuir o seu tempo de hospitalização, mas permitirá mesmo por alguns momentos que ela volte a ser criança e esqueça, mesmo que momentaneamente, sua doença”.

Por meio das reflexões realizadas no decorrer das atividades percebeu-se que as famílias das crianças internadas durante o período da pesquisa sentiram-se sensibilizadas sobre a relevância desse espaço lúdico durante o período da internação. Viram que o brincar não traz apenas diversão, mas envolve uma série de benefícios que facilitarão o decorrer do tratamento médico no qual a criança estará fazendo, a fim de minimizar as consequências da hospitalização. Esse ponto é apresentando por Godoi (2008, p. 77) “introduzir atividades de lazer e culturais em hospitais vem de encontro à necessidade humana do lúdico para tornar menos desgastante e traumatizante a estada em ambientes estranhos ao lar”.

É perceptível que atividades envolvendo humanização em ambientes hospitalares promovem além de melhorias na estrutura física, mais qualidade de vida durante a internação de crianças e adolescentes. Nessa constante busca pela humanização no atendimento, os hospitais estão cada vez mais aderindo a esta proposta, na medida de suas possibilidades.

*********************

Bom, depois de pesquisar sobre o assunto e também o que profissionais da saúde fazem para melhorar a situação dos pequenos nos hospitais, nós, Instrumentadoras de Plantão, descobrimos que também podemos ajudar !!! De uma maneira bastante simples, descobrimos que podemos ir além de nossas profissões e colaborar com também na recuperação da saúde das crianças  !!!

Querem saber como ?? Então continue nos acompanhando porque no próximo post vamos contar o que temos feito em alguns hospitais de São Paulo  !!! 😉

Instrumentadoras de Plantão

Fontes:

  1. Via Portal Diário do Nordeste
  2. BRITO, Luciana Santos; PERINOTTO, André Riani Costa. O brincar como promoção à saúde: a importância da brinquedoteca hospitalar no processo de recuperação de crianças hospitalizadas. Revista Hospitalidade. São Paulo, v. XI, n.2, p. 291 – 315, dez. 2014

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *